Hérnias
A definição clássica de hérnia é a saída de uma estrutura (órgão ou tecido) de sua cavidade normal através de uma abertura congênita ou adquirida. Elas podem ser classificadas de acordo com a sua localização:
- Inguinal: quando se localizam na região de mesmo nome (Foto) – virilha – acima da dobra da coxa.
- Crural ou Femoral: localizam-se também na virilha (Foto), porém abaixo da dobra da coxa.
- Umbilical: quando se localizam no umbigo.
- Epigástrica: quando se localizam na região epigástrica (Foto) entre o umbigo e o início do tórax.
- Incisional: quando surge no local de uma cicatriz de cirurgia realizada no passado.
Os sintomas subjetivos causados por uma hérnia são muito variados e dependem mais da pressão exercida sobre o conteúdo herniado do que propriamente do tamanho da hérnia. O que é encontrado com maior frequência é uma tumoração, as vezes dolorosa, que faz com que o paciente procure um médico. Muitas vezes esta tumoração é intermitente (vai e volta), ou seja, só aparece quando o paciente realiza esforços (levantar peso, evacuar, tossir ou espirrar), classificamos esta hérnia como redutível. Os pacientes que apresentam hérnias irredutíveis, com fortes dores, náuseas e até mesmo parada de eliminação de gases e fezes, deve ser operado imediatamente.
O diagnóstico depende sempre da consulta médica onde o cirurgião baseado nas história clínica do paciente e com confirmação feita no exame físico determina qual é o problema e a melhor forma de tratamento cirúrgico.
Raramente pode ser necessário algum tipo de exame radiológico complementar (ultrassom ou tomografia). Isto tão somente se o exame físico não condiz com a história clínica e sintomas relatados pelo paciente. Especialmente em pacientes muito obesos a avaliação local pode estar prejudicada e exigir este tipo de recurso complementar.
- Hérnia inguinal ou femoral (virilha)
- Hérnia umbilical (na cicatriz do umbigo)
- Hérnia epigástrica (entre o umbigo e o início do tórax)
- Hérnia Incisional (em cicatriz cirúrgica)
Hérnia inguinal
A hérnia inguinal é o abaulamento (aumento de volume) que aparece na região da virilha quando se faz esforço físico e, se não tratada, pode prolongar-se nos homens até a bolsa escrotal.
Este tipo de hérnia é mais comum no sexo masculino. Na criança, é devido ao não fechamento de um canal que existe pela passagem dos testículos do abdome até a bolsa escrotal.
No adulto, a hérnia pode ainda ter a mesma causa da criança, mas na maioria dos casos, é devido a uma fragilidade, uma fraqueza da parede abdominal.
Sintomas: Variam muito de pessoa para pessoa. Pode ser apenas um “caroço ou bola” que aumenta com a contração do abdome no esforço ou quando se está em pé, sem causar dor ou desconforto.
Pode ainda haver dor em queimação no local causada pela distensão de uma membrana que existe no abdome que se chama peritônio. Ou ainda dor na região da bolsa escrotal.
A hérnia pode conter alças intestinais no seu interior, causando por vezes obstrução do sistema digestivo com consequências muito graves.
Condições associadas:
Obesidade: Os obesos, devido ao aumento da pressão abdominal têm tendência maior a desenvolver hérnias.
Obstipação (prisão de ventre) e prostatismo (dificuldade para urinar por próstata aumentada): são condições que também aumentam a pressão abdominal, impelindo o conteúdo do abdome para formar a hérnia. Com a idade, essas duas condições se associam a uma parede abdominal mais fraca, permitindo a formação das hérnias. Se os sintomas de obstipação ou prostatismo forem muito intensos, é necessário seu tratamento antes da correção da hérnia.
Tabagismo ou Doenças pulmonares: pacientes tossidores crônicos têm também aumento da pressão abdominal em surtos e, em um destes, pode haver a formação da hérnia.
Pessoas que fazem muito esforço físico (no trabalho ou laser) podem ao longo dos anos, por aumentar a pressão intra-abdominal, desenvolver hérnias.
Tratamento: Não existe formas de tratamento clínico das hérnias. Uma vez feito o diagnóstico, seu tratamento cirúrgico deve ser instituído assim que possível. A razão para tal conduta baseia-se no fato de que quanto mais tempo demorar-se para tratar o defeito, maior ele ficará e os riscos de complicações aumentam proporcionalmente.
O tratamento cirúrgico das hérnias inguinais remonta a milênios. Inúmeras evoluções e propostas técnicas permitiram uma adequada terapêutica da hérnia, com reduzido grau de recidiva.
Até hoje esse tema é calorosamente debatido em congressos e cursos, uma vez que os profissionais da área ainda se confrontam com desagradáveis índices de recidiva.
Nestes últimos anos, um crescente número de técnicas começou a utilizar próteses, no intuito de obter resultados permanentes, já que as técnicas habituais, apesar de apresentar bons resultados de forma imediata, cursam com recorrência de 5% a 20%, depois de cinco a dez anos de evolução.
Pode-se dizer que há mais de 20 anos, todos os adultos que são operados de hérnia inguinal, deverão ser submetidos a correção cirúrgica com prótese (material sintético que servirá de reforço definitivo no local da fraqueza).
Cirurgia Videolaparoscópica: O surgimento da vídeolaparoscopia cirúrgica, no final da década de 80, apresentou excelentes resultados no tratamento de doenças como pedra na vesícula, apendicite, esofagite de refluxo e etc., sempre associados à baixa morbidade e confortável pós-operatório. Este fato também abriu perspectivas para a busca de um novo tipo de abordagem e terapêutica das hérnias inguinais.
Cirurgia videolaparoscópica da hérnia inguinal
O defeito herniário é corrigido com o emprego de telas de excelente material sintético com grau desprezível de rejeição. A fixação dessa prótese é feita por meio de um grampeador que utiliza clipes de titânio ou reabsorvíveis.
A presença da tela promove a rica proliferação de fibroblastos entre suas malhas, fortalecendo de forma definitiva a parede abdominal no local previamente enfraquecido.
Fixação da tela com endogrampeador de hérnia
O método pode ser aplicado a praticamente todos os tipos de hérnia da região inguinal. Os maiores benefícios dessa técnica são observados em pacientes obesos, portadores de hérnias recidivadas, hérnias bilaterais e grandes hérnias. Além desses, pacientes que realizam esforços físicos diariamente como esportistas, trabalhadores braçais, etc.
No pós-operatório, os pacientes relatam um grau mínimo de dor no local, o que permite uma deambulação (andar) precoce e confortável. A permanência hospitalar é habitualmente de horas (frequentemente podem sair no mesmo dia da cirurgia) e, a volta às atividades físicas moderadas já é possível em até 72 horas, como dirigir automóvel, por exemplo
Orientação médica após cirurgia de hérnia inguinal por videolaparoscopia
ANALGÉSICOS: Sua cirurgia foi realizada por videolaparoscopia provocando pouca agressão mas, dor leve no local onde era a hérnia ou mesmo nas pequenas cicatrizes é normal nos primeiros dias.
No caso de dor use analgésico em gotas como os genéricos dipirona ou paracetamol (40 gotas de 6 em 6 horas) nomes comerciais: Lisador DIP, Novalgina, Magnopyrol, Maxiliv, Anador, Dôrico ou Tylenol.
Caso dor mais forte pode associar: antinflamatório solúvel Nisulid 100mg dispersível (1 comprimido diluído em 1/2 copo d’agua de 12/12 h.), intercalado com o outro analgésico comum já previamente citado.
Outra opção seria usar anti-inflamatório sublingual como Toragesic 10 mg dissolver 1 comprimido na boca até de 6/6 horas ou ainda Feldene SL 20 mg comprimidos solúveis para dissolver na boca até no máximo de 12/12 horas. Atenção, se for alérgico não use anti-inflamatórios.
Lembre-se você passou por uma cirurgia e um pouco de dor ou desconforto é normal no pós-operatório, no entanto, caso as medicações acima não estejam resolvendo, procure seu médico na Gastrocamp pelo telefone (19) 2042-2520 ou WhatsApp (19) 98850-9889 ou ainda entre em contato com serviço de urgência no Centro Médico Campinas (19) 3789-5300.
DIETAS: Sua cirurgia não exige nenhum tipo de dieta especial mas, lembramos que comer alimentos saudáveis, mastigar bem e alimentar-se com porções menores varias vezes ao dia sempre é bom para todos.
PRIMEIROS DIAS: Evite fazer esforço físico excessivo pois poderá sentir algum desconforto maior e colocar sua cirurgia em risco. Pode caminhar normalmente (evite o sol forte) e dirija seu veículo só a partir do momento em que se sentir seguro e sem riscos de acidentes por dor ou mal estar geral. Habitualmente isto ocorre a partir do terceiro dia de pós- operatório sem problemas.
Coloque uma bolsa de gelo por 40 minutos varias vezes ao dia no local onde era a hérnia ou mesmo na região umbilical. Isto pode aliviar dor e evitar inchaço. Faça isto ao menos nos três primeiros dias em casa.
LAXANTES: Caso seu intestino não funcione pelo período de dois ou três dias, poderá tomar um laxante suave como: Lactulona 20 ml de 12/12 horas (genérico) ou similar na forma líquida. Outra opção será usar um supositório de glicerina ou injetar uma bisnaginha de Minilax por via retal.
É muito comum os gases intestinais incomodarem após a cirurgia. Evite o açúcar, leite, creme de leite, bolos, chocolates ou doces e, use : Dimeticona (genérico) ou Luftal gotas (30 gotas – 2 X dia).
ATIVIDADES FÍSICAS: Os seus cortes foram pequenos e não deverão apresentar problemas, mas lembre-se que foi colocada uma tela interna no local da hérnia que precisa cicatrizar.
Não faça força ou carregue peso acima de 15 quilos no primeiro mês.
Poderá caminhar, isto não lhe fará mal.
Não pratique esportes ou faça abdominais pelo período de até 3 meses após a cirurgia pois isto aumentará a pressão na área operada podendo danificá-la.
CUIDADOS LOCAIS: Os seus cortes estão cobertos com pequenos adesivos de micropore. Não é necessário fazer curativos. Pode tomar banho normalmente e secar com toalha. Caso as fitas adesivas se desprendam coloque outra sobre o local.
Os seus pontos deverão ser retirados pelo seu médico. Ligue para a Gastrocamp pelo telefone (19) 2042-2520 ou WhatsApp (19) 98850-9889 e marque um retorno para retirada de pontos ao término de aproximadamente 7 dias. Esteja seguro do dia e hora a comparecer na Clínica para evitar desencontros.
DÚVIDAS: Se fizer uso de medicações para diabetes, hipertensão, arritmias ou outras, poderá voltar a tomar após retornar a sua residência. Caso use anticoagulantes discuta isto com seu médico.
Caso tenha alguma dúvida, não deixe de entrar em contato com o seu médico. Se isto não foi possível, ligue para o Centro Médico (19) 3789-5300. A telefonista do hospital irá localizar um dos médicos da equipe que possa lhe atender.
Hérnia umbilical
Aparece na cicatriz umbilical em qualquer idade. Trata-se da não cicatrização (fechamento) adequada do local do cordão umbilical quando ainda recém nascido. Na fase adulta da vida, costuma surgir por esforço abdominal repetido (trabalho ou laser) permitindo que estruturas intra-abdominais (gordura ou intestino) se projetem através do defeito, provocando um caroço (abaulamento) no local. Pode ser ou não acompanhada de dor. Quando irredutível (não volta mais para dentro) pode ser perigosa devido ao risco de estrangulamento do seu conteúdo ou mesmo obstrução do intestino. Uma vez diagnosticada, o tratamento é sempre cirúrgico.
A cirurgia das hérnias umbilicais, epigástricas ou mesmo incisionais, dependerá sempre do tamanho do defeito. Em pequenas hérnias pode ser realizada apenas a sutura (pontos) do defeito da parede abdominal sob anestesia local e o paciente não necessita permanecer internado. No entanto, quando for maior, pode ser necessário a colocação de tela como reforço da parede abdominal para evitar a recidiva (volta) da hérnia. Nesta situação será necessário utilização de anestesia peridural, raquidiana ou mesmo geral pois a manipulação (dissecção) dos tecidos será ampla, demorada e habitualmente exige a colocação de dreno aspirativo. O dreno impedirá acumulo de secreções (seroma ou hematoma) no local da cirurgia.
Hérnia incisional (em cicatriz):
A cirurgia robótica veio a contribuir para uma série de procedimentos laparoscópicos avançados, e um procedimento que teve grande melhora com a robótica foi o tratamento minimamente invasivo das hérnias ventrais ( hérnias da parede abdominal na linha média e hérnias após cirurgias).
Com a cirurgia robótica é possível fazer costuras na parede anterior com muito mais facilidade que a laparoscopia, o que leva a possibilidade de tratar quase todos os tipos de hérnia por essa via.
Nosso serviço tem aplicado nos últimos anos, em casos selecionados, a cirurgia videolaparoscopica no tratamento cirúrgico das hérnias umbilicais, epigástricas ou até mesmo das incisionais (em cicatriz cirúrgica prévia).
Apesar de exigir o uso de tela e grampeador especiais (apropriados para este tipo de aplicação) gerando custo adicional no tratamento, sabemos que o paciente sofre menor trauma cirúrgico com recuperação clínica rápida e segura.
Realizada por apenas três orifícios pequenos no abdome a tela é fixada pelo lado interno do defeito da parede abdominal dispensando o corte na pele e descolamento dos tecidos superficiais do local da hérnia. Evitando até mesmo a colocação de dreno no local. Permite a volta mais rápida ao trabalho e atividades habituais como dirigir.
Sempre é importante que o paciente seja bem orientado quantos aos possíveis riscos em postergar (adiar) o tratamento cirúrgico de sua hérnia e qual seria a melhor forma de corrigir o defeito para que se obtenha sucesso adequado.
Se você tem dúvidas, venha para uma consulta médica pois somente com a avalição pessoal de seu caso será possível ajuda-lo. Ligue para a Gastrocamp, telefone (19) 2042-2520.